Ourivesaria

 -Módulo 2-

Desafio

Tema – “A Metamorfose” de Franz Kafka
« (…) Já sete horas”, disse para consigo ao ouvir de novo o despertador, “já sete horas e um nevoeiro destes.” E durante uns instantes ficou quieto, respirando baixinho, como se esperasse do silêncio absoluto a reposição da situação real e natural. (…) preparou-se para balançar o corpo a todo o comprimento, fazendo-o cair assim de uma vez de cima da cama. Se se deixasse cair desta maneira, a cabeça, que ele levantaria ao máximo ao tombar, não devia sofrer nada. As costas pareciam ser duras, e não lhes aconteceria nada se caíssem em cima do tapete. O que mais o preocupava era a ideia do estrondo que isso iria provocar, e do susto, ou pelo menos da preocupação que tal baque iria causar atrás de todas as portas. Mas era preciso arriscar. (…)» (“A Metamorfose”, Franz Kafka)

Etapas do Trabalho

  1. Desafio – “Mas era preciso arriscar.” E tu, o que estás disposta a arriscar? Procurar traduzir este novo desafio para a criação de três objectos de adorno – anel, pendente e pregadeira.
  2. Conceito – registar as minhas ideias por meio de um texto.
  3. Referenciais a utilizar na exploração do conceito – explicitar os teus referenciais.
  4. Pesquisa – realizra uma investigação sobre a produção artística ao nível da ourivesaria que se relacione com o tema.
  5. Exploração de ideias – explorar graficamente várias possibilidades, com vista à construção de um anel, de um pendente e de uma pregadeira.
  6. Selecção e desenvolvimento de uma ideia – optar pela proposta que pareça mais conseguida e apresenta os desenhos e textos necessários à sua plena compreensão.
  7. Realização – a execução será levada a cabo nas sessões oficinais.
  8. Apresentação final
O que estás disposta a arriscar?

Estou disposta a atravessar os muros que se cobrem de espinhos, impedindo o caminho para o jardim onde colhemos o fruto da sabedoria.
Estou disposta a picar-me nessa cerca e a superar as minhas feridas para conseguir alcançar o conhecimento.

O Meu Conceito

Estava sentada, não sei muito bem onde, só sei que estava sentada...
Olhei à minha volta com desinteresse  e deparei-me com um muro de tijolos vermelhos.
Senti a feroz agulha da curiosidade picar-me e levantei-me num salto, correndo na direcção da parede de tijolos para a ver mais de perto.
Devia ter o triplo da minha altura, era escuro e velho, dava a entender que estivera ali desde sempre, barrando o caminho das pessoas.
Contornei o muro, procurando uma porta, um buraco, uma passagem para o interior que este guardava.
Mas o muro não atendeu aos meus desejos, manteve-se "impassável", velho mas imponente, determinado a ser um obstáculo para a eternidade.
Voltei a sentar-me, desanimada. Concentrei-me em preparar uma nova estratégia para romper a defesa do meu adversário.
Descalcei os meus sapatos e, novamente, dirigi-me ao muro que me aguardava.
Agarrei-me firmemente aos tijolos e principiei a escalada. Sentia o muro muito frio e áspero de encontro aos meus pés descalços, que só ambicionavam pisar o chão do outro lado...
Mas o dia parecia não avançar e a escalada não findava. Há quanto tempo eu estava a escalar? Evitando os desequilíbrios constantes e os espinhos que eu não via, mas sabia que estavam ali?
Era como se a parede se tornasse mais alta à medida que eu a ia trepando, mas quando eu olhava para baixo ainda conseguia ver, nitidamente, um par de sapatos que me imploravam que eu descesse e os calçasse novamente.
No entanto, eu fingia não os ouvir gritando pelo meu nome e continuei a subir o muro.
Comecei a sentir novos odores, o perfume de flores e de erva fresca e o cheiro de frutos maduros que ainda não foram colhidos nem saboreados.
Eu apenas  continuava escalando, agarrada à parede com unhas e dentes, enquanto na minha cabeça um pensamento perdurava:

"O que haverá do outro lado?"


Referenciais:

-Excertos da Metamorfose

"Gregor apercebeu-se que, se quisesse que a sua posição na firma não corresse sérios riscos, não podia permitir que o chefe de escritório saísse naquele estado de espírito(...) Gregor (...) pensava que(...) era preciso deter, acalmar e persuadir o chefe de escritório. Quer o seu futuro quer o da família dependia disso!"
página31

Neste excerto, Gregor, não querendo por em risco o futuro da família, decide arriscar-se a si próprio ao subir as escadas atrás do seu patrão. Uma proeza que se tornou difícil e perigosa após a sua transformação. 

"(...) a irmã, já totalmente vestida, abriu a porta que dava para o vestíbulo e espreitou para dentro do quarto. (...) ficou de tal modo assustada que não conseguiu coibir-se de fugir precipitadamente, batendo com a porta. Contudo, dir-se-ia que arrependida desse comportamento, tornou a abrir a porta e entrou em bicos dos pés."
página 40

Neste excerto a irmã de Gregor encontra-se preocupada com o seu irmão e o carinho que nutre por ele é superior ao medo de entrar no quarto dele. Esta força de vontade de arriscar para melhorar a vida da sua família e do irmão está relacionada com o meu conceito uma vez que possuo a mesma determinação.

"(...)avançou ameaçadoramente para Gregor. Provavelmente, nem ele próprio sabia o que ia fazer, (...) Mas Gregor não podia arriscar-se a enfrentá-lo, pois desde o primeiro dia da sua nova vida se tinha apercebido de que o pai considerava que só se podia lidar com ele adoptando as mais violentas medidas"
página 62

Este excerto revela o medo de Gregor em arriscar aproximar-se do pai, uma vez que as probabilidades de sair ferido no confronto são grandes, este receio identifica-se com o meu. 

-Imagens


Os espinhos representam os obstáculos e os sofrimentos que surgem na nossa vida, mas nos ajudam a dar uma maior valor aos nossos objectivos quando alcançados.
Porque uma vida demasiado fácil não seria vida, e não teria o sabor do fruto maduro que nós queremos colher.


Esta tela de Frida Kahlo, Auto-retrato com colar de espinhos, retrata o sofrimento físico.

O jardim atrás do muro, que eu não vejo, mas no qual quero entrar...





O fruto tem formas arredondadas e orgânicas, uma vez que é um produto da natureza.
 Ele representa a riqueza e a abundância, logo as suas cores são vivas e atractivas.

Estas duas pinturas de Vincenzo Campi que retratam duas vendedoras de fruta representam a abundância e a variedade dos frutos.
 Existem frutos para todas as pessoas, nós só temos que descobrir o fruto pelo qual queremos saltar a cerca para o outro lado.




-Textos

Contemplo o que não vejo
Contemplo o que não vejo.
É tarde, é quase escuro.
E quanto em mim desejo
Está parado ante o muro.

Por cima o céu é grande;
Sinto árvores além;
Embora o vento abrande,
Há folhas em vaivém.

Tudo é do outro lado,
No que há e no que penso.
Nem há ramo agitado
Que o céu não seja imenso.

Confunde-se o que existe
Com o que durmo e sou.
Não sinto, não sou triste.
Mas triste é o que estou.

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
"_Fui aos outros jardins_disse.
 _Nada contra_ respondeu ele, rabugento.
_ E fui também ao pomar.
_ Não havia nenhum cão para te morder.
_ Mas não havia porta para o outro jardim.
_Que outro jardim? _ disse ele com a voz rouca, parando de cavar por um momento.
_ O que fica do outro lado do muro. Tem ávores, eu vi o topo delas. Havia um passarinho de peito vermelho pousado num galho a cantar.
Para sua surpresa, aquela velha cara cheia de rugas mudou a sua expressão. Lentamente, formou-se um sorriso e o jardineiro ficou bem diferente."

BURNTT, Frances Hodgson, O Jardim Secreto




Não sei, ama, onde era.
Nunca o saberei...
Sei que era Primavera
E o jardim do rei...
(Filha, quem o soubera!...)

Que azul tão azul tinha
Ali o azul do céu!
Se eu não era a rainha,
Porque era tudo meu?
(Filha, quem o adivinha?)

E o jardim tinha flores
De que não me sei lembrar...
Flores de tantas cores...
Penso e fico a chorar...
(Filha, os sonhos são dores...)

Qualquer dia viria
Qualquer coisa fazer
Toda aquela alegria
Mais alegria nascer
(Filha, o resto é morrer...)

Conta-me contos, ama...
Todos os contos são
Esse dia, e jardim e a dama
Que eu fui nessa solidão...

Fernando Pessoa


-Imagens de Objectos de Ourivesaria




Colares






 Pulseiras


Brincos


Anéis







Desenhos









Pesquisa
Durante a primeira aula de tecnologias as professoras facultaram aos alunos, livros com informações relativas à disciplina em questão, onde fizemos uma pesquisa de imagens de peças de ourivesaria e recolhemos o nome dos autores das respectivas obras.
 Assim, alcançamos um conhecimento considerável no campo da joalharia e podemos observar algumas técnicas que se podem aplicar nessas peças.


Seguem-se os meus apontamentos realizados durante a pesquisa: 





































Análise de uma jóia
Dentro da pesquisa, as professoras de ourivesaria propuseram um trabalho: a apresentação oral da análise de uma jóia à nossa escolha. A jóia que eu seleccionei para apresentar na aula faz parte da tradição irlandesa e é conhecida pelo nome de anel Claddagh.

Ficha Técnica da jóia
Nome: Claddagh
Autor: Richard Joyce (1660-1737)
            Richard vivia numa vila pesqueira irlandesa de nome Claddagh, perto de Galway.
            Numa viagem cujo destino era a Índia Ocidental foi capturado por um pirata da Algéria e posteriormente vendido a um ourives. Este ensina a Richard a arte da ourivesaria tornando-o no seu talentoso aprendiz.
            Em 1689, quando o rei William III sobe ao trono em Inglaterra, exige a libertação de todos os seus súbditos.
            Ao ter conhecimento da ordem do rei o mestre de Richard oferece-lhe metade da sua fortuna e a mão da sua única filha na esperança de que estas ofertas o fizessem permanecer junto dele.
            No entanto Richard recusou, retornando a Galway onde se tornou um joalheiro independente e onde terá criado o anel Claddagh com base nos ensinamentos do seu mestre.
Data/Contexto Histórico: Não se sabe a data exacta da sua criação. Data de século XVII.
Conceito/Simbologia: O anel pertence a um grupo maior designado Fede (fé), em que o design consiste em duas mãos que se tocam simbolizando o compromisso e a verdade, o que remete aos antigos anéis romanos.
            No entanto distingue-se deste grupo uma vez que as mãos seguram um coração coroado.



              Este anel possui, como principais valores simbólicos, a lealdade, a verdade, o amor e comprometimento.
            Quando usado na mão direita com a coroa invertida simboliza que essa pessoa se encontra descomprometida.
            Quando usado na mão direita, com a cora para cima, simboliza que essa pessoa, de alguma maneira se encontra comprometida.
            Quando usado na mão esquerda com o a coroa apontada na direcção dos dedos quer dizer que essa pessoa se encontra totalmente comprometida.
             Em algumas terras, (na Irlanda e não só) é tradição, depois do casamento, as mulheres usarem o anel de ouro e os homens o anel de prata.

Função: Anel
Técnica utilizada: Técnica da cera perdida
            Consiste em esculpir a forma do anel em cera que depois é colocado dentro de uma caixa oca (na época de Richard este usava o osso de um molusco abundante na região da sua vila para fazer a caixa). A cera é aquecida. Esta evapora deixando o molde no interior da caixa, depois enche-se o molde com o metal desejado, ouro, cobre, prata etc.
imagem ilustrativa da técnica da cera perdida

Materiais utilizados: Actualmente existem muitos exemplares do anel Claddagh, o seu design foi aproveitado e recriado por diversos ourives e joalheiros, podendo apresentar incrustações de pedras preciosas, semipreciosas, diamantes etc. Sendo feito nos mais diversos materiais e exibindo os mais diversos feitios e formas.




            No entanto penso que os primeiros anéis Claddagh, fabricados por Richard, deviam manifestar o design do anel a seguir apresentado:
dimensões aproximadas do anel em relação à mão
 Exploração Gráfica

Na exploração gráfica de ideias, durante uma das aulas de projecto, foi sugerido aos alunos uma actividade que consistia em fazer manchas coloridas de aguarelas. Depois de estas secarem definimos a forma dessas manchas ao nosso gosto, desenhando, em cima destas, com uma caneta preta fina, vários padrões, usando as técnicas de desenho (ponto, linha, mancha).Os resultados desta experiência foram muito diversificados mediante os pensamentos e as características dos alunos responsáveis pelas aguarelas. No meu caso em particular, eu usei as aguarelas e os padrões e formas que inseri nelas para contar a história que desenvolvi com base no meu conceito e para representar os pensamentos que me assaltavam enquanto contava essa história.
 Apresento em seguida os resultados do exercício anteriormente referido:


























Selecção e desenvolvimento de uma ideia

Inspirei-me nas formas que fiz com aguarelas e caneta para seleccionar as ideias mais curiosas para a criação de três objectos de adorno. Assim, retirei elementos e padrões que me pareceram interessantes e usei-os nos projectos das pregadeiras, pendentes e anéis.
Procurei usar figuras arredondas e orgânicas evitando as formas geométricas e as linhas rectas, uma vez que o meu conceito é arriscar saltar o muro para colher o fruto, sendo este um produto da natureza e não resultado de mãos humanas.
Depois de realizados os esboços para as três peças finais escolhi os materiais que se usariam em cada elemento de cada jóia.
Os materiais escolhidos para o fabrico dos objectos foram materiais reutilizáveis, recicláveis ou respigados. Logo, os elementos de ligação variavam consoante os materiais utilizados: linha e agulha no caso de botões, panos, feltro, tecidos etc., fita-cola e cola no caso de cartão, papel, madeira etc., (entre outros elementos de ligação).
Os objectos para modelar e cortar também variam tendo em conta os materiais usados na construção da peça (tesouras, x-actos, alicates, etc.).

Seguem-se alguns dos meus esboços de objectos de adorno:
































Realização


Relatório
Aula de Tecnologia 05/11/2010

Durante a aula de ourivesaria realizada no dia 5 de Novembro as professoras Inês Almeida e Lia Morais fizeram uma introdução ao tema ourivesaria começando por explicar que esta se podia dividir em dois ramos: a prataria (conjunto de vários tipos de utensílios e objectos em prata) e a joalharia (arte que consiste em trabalhar as jóias).
A ourivesaria pode também ser realizada de duas maneiras diferentes, através do design ou das artes plásticas. As suas principais diferenças são: enquanto o design se destina à criação de objectos funcionais aliados ao estético e à ergonomia, que possuem finalidades comerciais tendo em vista a produção em série, as artes plásticas, embora também possam ter intuito comercial, produzem peças únicas.
Foram, também, apresentados alguns exemplos de peças de joalharia associadas aos nomes dos seus autores, Leitão & Irmão, Ana Silva e Sousa, Liliana Guerreiro e Marília Maria Mira.
A jóia é vista como um objecto de adorno para o corpo que é apreciado pelo utilizador, hoje em dia todos os objectos que possam ser usados para decorar o corpo podem ser considerados jóias independentemente do seu valor material. A jóia não tem que ser obrigatoriamente funcional nem mesmo resistente, pode ser usada de formas diferentes dependendo do seu utente.
Os materiais usados na iniciação da disciplina de ourivesaria são o cobre, elemento químico metálico (símbolo Cu) de cor vermelha e o latão, liga metálica de cobre e zinco (Cu+Zn), de cor amarela. Sendo o cobre mais maleável que o latão.
A do 11º ano introduz-se o trabalho de jóias em prata.
 No caso da utilização dos metais, existem muitas técnicas que se podem usar, na ourivesaria:

Técnica da serragem
Técnica que tem como principal objectivo recortar e fazer aberturas no metal.
Para serrar com a Serra de Ourives é necessário, para além da armação da lâmina para serrar, um suporte que serve de base para apoiar a placa metálica.

 

Técnica da conformação
Consiste em dar relevo (alto ou baixo relevo) ou volume ao metal. Alguns instrumentos que podem ser usados para praticar esta técnica e criar calotes (meios círculos) são a embutideira (usada como molde) e a estilheira (usada para calcar o metal no molde).
A cinzelagem é uma técnica de conformação que consiste em criar volumes no metal.


Técnica filigrana
Obra de ourivesaria formada de fios de metal, geralmente de ouro ou prata delicadamente entrelaçados e soldados. É um trabalho detalhado cujo resultado se assemelha a um rendilhado. 

Técnica da soldadura
É um procedimento usado para ligar superfícies metálicas usando o fogo e uma liga metálica, a solda. A solda desloca-se com o calor para os pequenos orifícios existentes nas junções metálicas que se pretende unir.



1. Pinça, usada para colocar a solda;
2. Pinça, ajuda a segurar os objectos durante o processo de soldadura;
3. Tincal, líquido que evita a oxidação dos metais;
4. Maçarico de soldar;
5. Placa que serve de suporte ao processo de soldadura;
6. Mesa de soldar giratória;
7. Solda de prata, cujo grau de fusão dependem do tipo de metais que se vão soldar;
8. Tesoura para cortar solda.
 Após o processo de soldadura é feito o branqueamento, que consiste em lavar a peça com uma solução com ácido sulfúrico, evitando a oxidação dos metais e limpando outros resíduos resultantes da soldadura.

Aula de Tecnologia 12/11/2010
            Na segunda aula de ourivesaria analisámos a metamorfose da jóia no tempo, ou seja, as alterações que esta sofreu ao longo da sua existência.
            As jóias já existem desde os tempos primórdios, durante o período Paleolítico e Neolítico, estas eram feitas através de materiais orgânicos tais como conchas, ossos e dentes perfurados. Possuíam funções mágicas e de carácter simbólico estando também relacionadas com o culto da natureza e da fertilidade.
            Com a descoberta dos metais fez-se a passagem da pré-história para a história e dá-se o início da formação das grandes civilizações, a partir desse acontecimento existe uma grande evolução na joalharia e dá-se o aparecimento de novas técnicas, como por exemplo, o granulado.
            Durante a Antiguidade Clássica e Pré-Clássica, Portugal (bem como outros países e impérios) foi influenciado pelas técnicas dos gregos.
Os materiais predominantemente utilizados na confecção das jóias eram o ouro, a prata e a calcedónia.
            Os romanos copiaram muitas das técnicas dos gregos, tanto a nível da arquitectura, como das restantes artes. A joalharia não foi excepção, no império romano usavam os objectos de adorno como meio de propaganda política (como é o caso do anel de compromisso), as jóias também possuíam carácter religioso.
            A partir do século V, na Idade Média, as pedras preciosas como a granada, a ametista, o rubi, o topázio e a safira gozam de um grande protagonismo, existe também o culto das relíquias daí o uso frequente de relicários.
            Durante o renascimento, com as navegações portuguesas e as descobertas de novas terras, a jóia vai ser influenciada pelas temáticas exóticas, que invocam também a mitologia, desses territórios. Essas temáticas são também inspiradas pelas navegações e viagens, sendo comum a alusão a elementos do mar. As peças possuem excesso de elementos com o predomínio das pérolas e de pedras trazidas de outros continentes, como os diamantes e ouro trazidos da África e outras pedras preciosas trazidas da índia.
            O esmalte colorido era frequentemente usado para dar valor cromático à peça, substituindo as pedras preciosas, uma vez que é mais barato e acessível.
            Durante o século XVIII Portugal trás do Brasil muitas pedras preciosas e ouro, sendo a época do teatro e do estilo barroco vai predominar o excesso de ornamentos nas peças de joalharia. Essas decorações são inspiradas nos elementos naturais e usadas para adornar o guarda-roupa das classes mais altas da sociedade.
A chatelaine, palavra francesa para “castelã”, tem origem neste período. É um acessório que consiste numa peça principal (geralmente uma pregadeira) da qual pendem outros objectos relacionados com o tema dessa jóia.
O século XIX é o período do neoclassicismo e do romantismo, as peças são sóbrias e remetem para as descobertas portuguesas e para a monarquia.
Existe uma forte temática religiosa presente nas jóias que possuem elementos relacionados com o culto da morte e da viuvez, por essa razão um material muito usado na fabricação dessas peças é o azeviche devido à sua coloração negra.
A Revolução Industrial marca o início da Idade Contemporânea. Com a introdução de máquinas e fábricas existe a possibilidade de produção em série de vários tipos de jóias que vão circular por todo o mundo. As jóias tornam-se mais baratas e acessíveis uma vez que existe a circulação de produtos estrangeiros.
No entanto as peças de autor não deixam de existir com a produção em série. Surge uma nova linha de pensamento em que o fabricante da jóia procura reconhecimento e traduz os seus ideais nas peças que produz.
Nesta época o marfim “rouba” o protagonismo ao ouro.
Na primeira metade do século XX, com a arte nova, a alta joalharia usa as pedras no fabrico das jóias.
Na segunda metade do século XX predominam as formas abstractas e geométricas que representam a forma de ver do artista.
 O autor das jóias passa a ter como principal intenção transmitir novas sensações que estimulem o pensamento.
Existe uma grande mudança no material usado, uma vez que as jóias passam a ser constituídas por papel, tecidos, plásticos e outros materiais do dia-a-dia. Por esta razão a joalharia vai-se cruzar com outras áreas como os têxteis, o figurismo, a escultura etc.
Com a utilização de novos materiais existem também novas técnicas, como é o caso do origami aplicado no papel.
Há também a utilização de técnicas que fazem com que determinados tipos de materiais se pareçam com outros (exemplos: cobre parecer-se com papel, o ouro com cartão e a prata com madeira).
O electroforming é uma técnica que permite tornar objectos frágeis e quebradiços mais fortes e resistentes ao banhá-los em metal.    
As jóias adquirem novas linguagens, em que o autor conta uma história e exprime sentimentos como raiva ou humor.

-Experimentação de material

 Na segunda aula de ourivesaria a turma teve a oportunidade de experimentar trabalhar com materiais recicláveis e reutilizáveis, eis alguns resultados das minhas experiências:











As três peças finais



-Concepção da peça final : anel







Materiais utilizados:

-lã verde e branca
-arame
-lenço de pano
-missangas

-Concepção da peça final : pendente









Materiais utilizados:

-botão azul
-arame
-feltro branco

Várias maneiras de utilizar o pendente:







-Concepção da peça final : pregadeira





Materiais utilizados:

-cartolina
-arame verde
-feltro branco
-feltro laranja
-alfinete de ama

Apresentação final

Para apresentar o meu conceito inspirei-me no conto "Rapunzel" para traduzir a minha resposta à pergunta "O que estás disposta a arriscar?". Assim, fiz as alterações necessárias para que o conto se adaptasse às minhas teorias e transmitisse a minha mensagem.
Com esta adaptação de "Rapunzel" eu pretendo fazer com que esta saia da torre sem o auxílio do príncipe. Rapunzel irá arriscar saltar dos muros que a rodeiam para alcançar o seu objectivo, as bolachas, sozinha.

Descrição da apresentação:
Estou sentada numa cadeira em cima de uma secretária, trancada na torre.
Levanto-me e, depois de algum tempo a elaborar um plano de fuga da prisão, ato uma das minhas compridas tranças à cadeira, tentando içar-me para fora da secretária em direcção ao chão.
Caio em cima dos espinhos, representados pela lã, que me cegam.
Apesar de cega, continuo o meu caminho em busca das bolachas pelas quais eu tinha arriscado saltar da torre.
Findo a representação quando trinco uma bolacha e recupero a visão.

-Simbolismo da apresentação

Para a minha apresentação eu criei uma alegoria associando o conto "Rapunzel" com o meu conceito: "O que haverá do outro lado?", com esta eu pretendo fazer entender que o caminho para os nossos objectivos é difícil e que quando arriscamos podemos masgoar-nos. Mas, se alcançarmos o que queremos, rapidamente essas feridas serão curadas. 

A torre: é o muro que nos impede de chegar ao outro lado. (mesa)

Os Espinhos: cobrem a torre, tornando o caminho dos nossos objectivos mais arriscado e perigoso.

As bolachas: são o fruto, o objectivo, encontram-se do outro lado da torre, são a causa do risco que nós corremos.

Cegueira: representa a dor e o sofrimento que acompanham o risco. No final da representação esse sofrimento é curado e substituído pelo olhar de satisfação de quem não se arrepende de ter arriscado.

(brevemente apresentarei o vídeo da apresentação final)




-Maquete da apresentação


planificação da maquete, interior 


planificação da maquete, exterior




















maquete em fase de construção














maquete concluída (interior) 




Boneca em pasta de fimo, feita pela minha irmã, Obrigada mana! Saudades.


Memória Descritiva

Desafio

            No âmbito da disciplina de Projecto e Tecnologias foi lançado um desafio, baseado na obraA Metamorfose” de Franz Kafka, que se resume a lançar a pergunta “O que estás disposta a arriscar?”.

Tema – O que estás disposta a arriscar? - “A Metamorfose” de Franz Kafka
« (…) “Já sete horas”, disse para consigo ao ouvir de novo o despertador, “já sete horas e um nevoeiro destes.” E durante uns instantes ficou quieto, respirando baixinho, como se esperasse do silêncio absoluto a reposição da situação real e natural. (…) preparou-se para balançar o corpo a todo o comprimento, fazendo-o cair assim de uma vez de cima da cama. Se se deixasse cair desta maneira, a cabeça, que ele levantaria ao máximo ao tombar, não devia sofrer nada. As costas pareciam ser duras, e não lhes aconteceria nada se caíssem em cima do tapete. O que mais o preocupava era a ideia do estrondo que isso iria provocar, e do susto, ou pelo menos da preocupação que tal baque iria causar atrás de todas as portas. Mas era preciso arriscar. (…)» (“A Metamorfose”, Franz Kafka)
 O desafio consiste em criar um conceito sobre “O que estamos dispostos a arriscar”, desenvolvê-lo (através da pesquisa de imagens, textos, poemas, excertos do livro em questão, etc.) e expressá-lo através de tês objectos de joalharia (um pendente, uma pregadeira ou um anel) realizados em materiais alternativos durante as aulas de ourivesaria

A minha resposta

            A resposta dada por mim em relação ao desafio lançado, “O que estás disposta a arriscar?”, prende-se, essencialmente, com o desejo do saber, sem temer os riscos que o caminho que eu escolhi apresenta e sem desistir de seguir esse caminho, mesmo quando este é interrompido por uma barreira: 
“Estou disposta a atravessar os muros que se cobrem de espinhos, impedindo o caminho para o jardim onde colhemos o fruto da sabedoria.
Estou disposta a picar-me nessa cerca e a superar as minhas feridas para conseguir alcançar o conhecimento.”
O meu conceito é representado pela minha ânsia de descobrir o que os muros e as barreiras da nossa vida nos ocultam:
·          Não será o jardim que eles guardam mais belo do que aquele que nós conhecemos?
·         Não será o fruto que eles escondem o mais maduro que podemos saborear?
·         Devemos nós contentarmo-nos com o que temos quando não sabemos o que há do outro lado?
São estas as principais perguntas às quais eu quero responder arriscando atravessar o muro que nos barra o trilho da vida para descobrir o que realmente há do outro lado …

Conclusão

Ao realizar este trabalho, mais uma vez, apercebi-me das dificuldades que existem na realização de projectos com base num conceito fundamentado em formas concretas.
Este segundo módulo consistia na confecção de três jóias, uma vez que a disciplina de Tecnologias era Ourivesaria.
A realização dos projectos para o fabrico dessas três peças foi complexa já que esta tarefa se complica devido às ideias predefinidas que eu detinha em relação à ourivesaria. Assim, criar três jóias únicas, diferentes de todas as que conhecemos e que se encontram à venda no mercado actual tornou-se um verdadeiro desafio que eu espero ter conseguido superar.
Posso concluir que com esta nova disciplina, leccionada durante o segundo módulo, apreendi conhecimentos nas várias áreas da ourivesaria (joalharia, prataria e artes plásticas) tais como as técnicas utilizadas, algumas peças interessantes juntamente com os nomes dos seus criadores e uma definição da palavra “jóia” que a maioria das pessoas desconhece e que eu tampouco a sabia.
Quanto à minha forma de trabalhar, considero-me aplicada, no entanto esta pode ser, evidentemente, aperfeiçoada, uma vez que durante este módulo eu senti que, apesar do meu empenho, os produtos do meu trabalho regrediram algumas vezes devido às minhas mudanças imprevistas de ideias.
Penso que, embora sinta pena por não ter tido oportunidade de trabalhar com outros materiais senão os alternativos, foi uma experiência interessante e instrutiva. No futuro, espero progredir e trazer novos conceitos e novas ideias, diferentes das convencionais que todos nós conhecemos e com as quais nos deparamos no nosso dia-a-dia.